Os méritos das mulheres e assim...
Coisa rara...
Coisa rara para uma mulher.
Coisa mais rara ainda para uma mulher negra.
Bom, Francisca Van Dunen, é assim que se chama a Senhora, era já à algum tempo coordenadora do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa e ao que parece com um muito bom trabalho, e que sou ou que sei eu para estar a pôr em causa a competência da Senhora, e de qualquer forma não por aí que quero ir.
Li por aqui a noticia e indignam-me os comentários que se fazem à dita eleição, a não ser que todos os comentadores sejam profundos conhecedores do trabalho da senhora em causa, o que me parece difícil, indigna-me que todos se congratulem com o facto de ter sido escolhida uma mulher, e mais, que seja negra.
Então e apenas por ser mulher, apenas por ser negra, a senhora chegou onde chegou porque tem mérito?
Se concordo que o apelido, a cor da pele, sexo, amigos e etc. não se devem sobrepor nunca à competência, e infelizmente é o que acontece mais por estas bandas, não vamos agora cair no inverso que é à força da quebra de um preconceito fazer emergir um sistema oposto em que se é mulher é competente, se é negro é competente, se é homossexual assumido é competente, etc.
Quanto à Senhora não conheço e faço lá ideia porque chegou onde chegou, sei lá se tem amigos, conhecidos ou compadrios, sim porque ser mulher ou ser negro não é antónimo de ter cunha, se é a mais competente para o cargo e o mostrou então apenas se tem de salientar como positivo o facto de ter funcionado um sistema meritocrata, apenas se deve valorizar o facto de ser a mais capaz e a mais bem preparada pessoa que ocupa um cargo, seja mulher, homem, negro, branco, amarelo ou cor-de-rosa, pois é assim que tem que ser, sempre.
Por curiosidade resolvi fazer um pouco de investigação (meras googladas) acerca do assunto para entender melhor o processo (pois destas coisas não percebo patavina)
O procurador-geral da República (PGR) apresenta três nomes para o cargo e depois o Conselho Superior do Ministério Público (CSMP) elege o novo Procurador Distrital de Lisboa de entre esses três nomes, ou não, é possível que um quarto nome seja apresentado, pelo Conselho Superior, votado e nomeado.
Neste caso o (PGR) nomeu três nomes: Boaventura Marques da Costa, Francisca Van Dunen, Santos Soares.
Depois, na Sexta-feira o CSMP elegeu então Francisca Van Dunen.
E por curiosidade, tambem deixo a composição do (CSMP)
CSMP é formado por 19 elementos, sendo 12 provenientes da magistratura do Ministério Público, cinco indicados pela Assembleia da República e dois pelo ministro da Justiça.
Presidente
Procurador-geral da República
5 eleitos pelo Parlamento
Rui Pereira
Indicado pelo PS. Presidente da Unidade de Missão para a Reforma Penal. Casado com a juíza do Tribunal Constitucional Fernanda Palma
Eduardo Paz Ferreira
Indicado pelo PS. Professor universitário. Casado com a procuradora-geral-adjunta Francisca Van Dunen
João Correia
Indicado pelo PS. Advogado
Filipe Fraústo da Silva
Indicado pelo PSD. Advogado
António Barradas Leitão
Indicado pelo PSD. Advogado. Vogal do CSMP a tempo inteiro
2 designados pelo ministro
Júlio Castro Caldas Antigo bastonário dos advogados. Ex-ministro da Defesa de António Guterres
Rodrigues Maximiano
Procurador-geral-adjunto jubilado. Casado com a procuradora-geral-adjunta Cândida Almeida
4 procuradores-gerais-distritais
Lisboa, Porto, Coimbra e Évora
7 procuradores
Dos vários níveis da hierarquia, eleitos pelos pares