4.10.06

Para ti

Não sei que diga. Agora que a ultima onda que chegou à praia, imensa, avassaladora, destruidora, parte talvez de um qualquer tsunami que algures no mar da vida teve origem, num incrivel maremoto ocorrido numa bacia, chamada amor e que ninguém sabe exactamente onde fica, agora que ela já vai direita ao mar, e que o rasto de desordem e destruição emerge, espero que não venham mais, espero que o tormento tenha finalmente acabado.
Olhar em volta e ver que do que antes lá estava pouco resta ou nada se parece com o que era, é ainda pior que o turbilhão vivido antes.

Que te digo?
Que tenho eu para te dizer?
Que olho os mortos, os feridos e os sobreviventes, que os observo e me sinto vazio, que a água não levou apenas coisas, levou-me a mim tambem, mas apenas a alma, o corpo cá ficou, perdido e desorientado. Mas com vontade, sempre com vontade, de enterrar os mortos cuidar dos vivos e reconstruir.

Para o mar? Para o mar não sei se alguma vez conseguirei voltar a olhar igual, enchendo o peito de ar e voar no azul sem fim.
Talvez um dia! Talvez!
Talvez lá volte para buscar a alma que me levou.
Talvez...